A Sra. Rentabilidade é apaixonada pelo Sócio Ativo Comercialmente
Entretanto, a Sra. Rentabilidade nos alerta que esses esforços, por si só, não serão o passaporte para uma competição eficaz onde é rei o seu marido, o Sr. Mercado. Ela nos alerta que está chegando ao fim a elevação dita “sustentável” dos resultados do Cooperativismo de Crédito, a qual vinha em uma “vibe” de um crescimento relativamente fácil. Daqui para frente, ela só irá crescer eficazmente, se o seu marido reconhecer eficácia em nossas propostas de aderência comercial, as quais são sintetizadas muito mais pelos sinais subjetivos de aderência de um sócio junto a sua Singular, do que pela frágil métrica balizada pelos produtos e serviços por ele demandados. Isso, pois, esses controversos indicadores atendem no curto prazo muito mais os detentores desses produtos e serviços, minando no médio e longo prazo o projeto de perenidade da Singular e, assim, indiretamente, os seus sócios que efetivamente estejam engajados no verdadeiro associativismo.
Diante desse cenário, fica tácita a carência na gestão que não adota um sinalizador efetivo de aderência do sócio a uma Singular. Devido a isso, há mais de uma década orientamos nossos clientes a agir visando efetivamente entender qual é a potencial adesão dos seus sócios à proposta comercial global, em comparação com a que efetivamente se verifica. Diante da crescente gravidade desse tema para a perenidade de nosso modelo de negócio, é oportuno aqui relembrar o que sempre pregamos como sendo um dos padrões comerciais de aderência.
Em nossos trabalhos, um dos grandes “calcanhares de Aquiles” comerciais que encontramos é a baixíssima aderência da base às soluções ofertadas pelas Cooperativas de Crédito, apesar de nossos clientes nos apresentarem crescentes sinalizadores de compra de produtos e serviços, como se isso indicasse algo que fosse aplaudido pelo ardiloso e dissimulado casal: Sra. Rentabilidade e Sr. Mercado.
Sócio Ativo Comercialmente: Desenvolvemos esse conceito há mais de uma década e, ao aplicarmos nas mais variadas bases de clientes que tivemos acesso, vimos que não mais de sete por cento dos sócios de uma Singular estão plenamente atendidos, mesmo que esses comprem cada vez mais produtos e serviços. Sem aqui ponderar que são “donos” e não clientes, o que efetivamente não coaduna com o baixo nível de aderência comercial de uma enorme parcela de nossos “sócios”. Mas deixando isso de lado, penso que você deve estar se perguntando: como poderíamos implementar um indicador de aderência balizado pelo conceito de Sócio Ativo Comercialmente e como ele seria composto?
Sócio Ativo Comercialmente é aquele sócio com real aderência à Singular e que, para tanto, precisa agrupar todas as características abaixo:
- Ter mais de um ano de associação;
- Fazer mensalmente com que mais de 50% de sua renda transite pela sua Singular, exceto agricultores com renda com outra sazonalidade;
- Fazer mais de cinco débitos autônomos (ele os comanda pessoalmente) em sua C/C, como: TED/DOC, transferências entre C/C da Singular, saques, pagamentos de títulos etc… Aqui não se consideram os débitos automáticos, integralizações de cota capital, pacotes de serviços, pagamento de créditos, seguros e outros débitos decorrentes de “acordos” comerciais;
- Ter o débito automático da energia elétrica, caso seja o titular da conta. Como já visto há anos em nossos artigos, esse é um grande sinalizador de aderência do sócio à Singular;
- Não apresentar desabono comercial no mês anterior à coleta dos dados como: Risco até “B” ou “C”; não ter pago mora e/ou multa, não ter feito adiantamento a depositante, não ter devolução de cheque etc.
- Sócios investidores, pela especificidade, serão eleitos como Sócios Ativos Comercialmente mesmo que só mantenham um saldo médio acima de R$ 30.000,00 (ex.) no ano anterior ao mês do levantamento;
- Para sócios PJ, deve-se ponderar que alguns critérios devem ser revistos e incluídos.
Reclame aqui pode já estar sinalizando essa realidade: O mais relevante site de reclamações quanto a fornecedores de produtos e serviços nacionais, na sua posição atual anualizada, sinaliza que algo deve ser melhorado na forma de fazermos relacionamento com nossos sócios. Senão, vejamos: Analisando milhares de reclamações feitas nesse período, os bancos Bradesco e o Itaú tiveram notas 7,7 e 7,3, respectivamente, essas superiores aos 7,2 e 7,0 das duas maiores bandeiras do cooperativismo de crédito nacional. Isso, sem ponderarmos que, nesse período, em média, esses bancos tiveram 26.000 reclamações. 2.160% a mais que essas bandeiras cooperativistas (1.200)!
Fica a pergunta! Será que estamos sendo mais eficazes do que nossos grandes concorrentes quanto ao relacionamento com nossos “clientes”, já que, no nosso caso, são “donos”, e que, como tal, não deveriam estar acessando esse canal? Pensemos se é prudente continuarmos com esse enorme foco na venda de produtos e serviços, em detrimento de um simples e oportuno processo de construção e manutenção dos nossos relacionamentos comerciais.
Reflexões Finais: A Sra. Rentabilidade está cansada de nos avisar que sem foco no conceito Sócio Ativo Comercialmente não teremos alicerces para superar as intempéries do mercado e, em especial, os avanços tecnológicos, mesmo que acreditemos estar vendendo cada vez mais produtos e serviços, para uma base nova e/ou ainda “inexplorada”. A Sra. Rentabilidade reforça que o mero crescimento do resultado comercial, mesmo que ano após ano, em nada garante a nossa perenidade, se esse for calçado fortemente na venda de produtos e serviços e de crédito de varejo.
Já o seu marido, o Sr. Mercado, está de olho em nós, pois, para ele, é imperdoável obter ano após ano um crescente resultado comercial sem que haja eficácia frente ao óbvio comercial internalizado na utilidade que a Singular tem ao entender a razoabilidade internalizada no Sócio Ativo Comercialmente. Ele, por saber que a “Santa Constância” deve ser nossa padroeira, apoia a simplicidade e aplicabilidade desse racional conceito, e pergunta o que sua Singular está fazendo para mitigar a grave exposição comercial derivada de indicadores de aderência balizados em compra de produtos e serviços. Tá aí um casalzinho exigente, mas que sabe “argumentar” muito bem.
Concordar é secundário. Refletir é urgente.
Ricardo Coelho – Consultoria e Treinamento com Foco no Cooperativismo de Crédito
www.ricardocoelhoconsult.com.br – 41-3569-0466 – Postado em 20/02/2020