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Sua Singular sabe quanto é afetada a cada queda de 0,25% da Selic?

Concordamos que devemos estar perto de pessoas otimistas, pois as notícias ruins são como ventos, alguns tocam generosamente os moinhos da inovação e outros são tão fortes que os destroem. E assim, diante de tempestades, nossos líderes devem posicionar nossa estrutura de moinhos de tal sorte que sejam tão fortes quanto forem os ventos, pois nesse momento nosso modelo de negócio precisa saber lidar com ventos fortes e não se distrair com novidades que podem esperar. Apenas se fizermos muito bem o presente é que haverá chance de termos futuro.

Sabemos que a SELIC é um dos grandes ventos que de forma muito generosa ultimamente vem nos impulsionando. Ela é a taxa básica do governo e é usada como um dos pilares de sua política econômica para nortear seus esforços no controle da inflação e do custo de rolagem de sua dívida. Mas estamos diante de um governo politicamente frágil que reiteradamente teima em se envolver em cenários cada vez mais desabonadores. Então, só nos resta esperar que os investidores empresariais produtivos voltem a colocar suas riquezas represadas nestes anos de incertezas em bens de produção, gerando bons ventos ao grande moinho que é a nossa economia. Mas pensemos um pouco! Com ganhos tão fartos em aplicações financeiras, sem risco, e diante de uma enorme instabilidade política, por que um empresário voltaria a investir em suas fábricas e empresas de serviços? Portanto, tudo leva a crer que essa análise estaria correta se não houvesse o fato novo. A redução gradual da Selic diminui substancialmente os ganhos líquidos destes empreendedores e isso os forçará a voltar a arriscar ainda com prudência em empreendimentos que dominam.

Minha inferência: como escrevi há alguns meses, é provável que tenhamos uma elic no final de 2017 de 12% a.a., ou ainda menor, haja vista que esta é a última cartada desse governo para controlar a inflação e forçar os detentores de riquezas a voltar a investir em atividades produtivas que irão render, em tese, um valor que justifique voltar a empreendimentos de médio risco. Vemos que, após mais de um ano de Selic a 14,25% a.a., ela vem sendo reduzida pelo Banco Central em lotes de 0,25% em cada reunião do COPOM, as quais serão em número de 8 em 2017. Cabe aqui ressaltar que o mercado esperava que essas últimas reduções fossem ainda mais agressivas.

A pergunta que devemos nos fazer é: sabemos como cada 0,25% de queda da Selic vem impactando nosso modelo de negócio? Ou acreditamos que isso é tão pouco que não afeta sobremaneira nosso resultado? Já tivemos uma queda acumulada de 0,5% em apenas duas reuniões, e tudo leva a crer que teremos ainda outras sucessivas quedas, chegando em minhas expectativas a um acumulado anual de 2,25% (17% sobre a base de 14,25% a.a.). Realmente algo impactante, ainda mais se ponderarmos que nem todas as Singulares estão atentas a essa brusca mudança de cenário, seja por estarem ainda entorpecidas pelos anos dourados de enormes resultados até então vividos, ou por estarem ocupadíssimas com a elevação das provisões, ou ainda por estarem se encantando com o futuro tecnológico, o qual poderia esperar frente ao cenário de crise instalado.

Sua Singular tem respostas a cada uma destas perguntas quanto à queda de cada 0,25% da Selic?

Recordando obviedades: nesse cenário de queda da Selic e de crise já instalada, recordo de forma sintetizada uma premissa já exposta em diversos de nossos artigos, e que ainda não é efetiva em nosso modelo de negócio: precisamos urgentemente parar de gastar energia “aplaudindo” nossos belos números e indicadores, os quais foram construídos em tempos de fartura. E em seu lugar devemos urgentemente ampliar o saudável relacionamento comercial com nossos associados, que hoje ainda tende a ser apenas um fraco sinal de aderência, tal qual são as frágeis “espumas”, em especial quando vemos esforços exagerados na “venda” de soluções de terceiros, em detrimento das soluções óbvias de aderência que permitem sucesso na missão de obtermos real aderência de nossos sócios.

Reconhecemos que esse desafio será muito mais complexo diante desse estresse socioeconômico, pois é notória a redução gradativa dos sócios que têm potencial para um saudável e rentável relacionamento. Algo explicitado como nunca nas crescentes provisões, na terrível qualidade das novas contas, na queda dos resultados, nas evoluções dos custos etc.

Portanto, para melhor suportar essa longa crise e a redução gradual da Selic, novamente orientamos que persigamos o óbvio comercial, sem nunca nos esquecermos de que: sem eficácia no presente não há porque pensar em um futuro em que se estará ausente.

Reflexão Final: parece que os ventos teimam em ser fortes pelos próximos anos e é tempo de reforçar as edificações de nossos moinhos. Porém, para isso acontecer, precisamos que nossos líderes se estressem de forma saudável para entender este artigo e que, junto com seus pares, criem um mapa da crise, que nada mais é que definir o impacto esperado e verificado mês a mês, já que cabe unicamente ao governo através de suas ações e da Selic controlar o vento.

É inevitável, então, que venham os fortes ventos. Mas que nossa Singular saiba entendê-los, e se não puder suportá-los, que tenha um corpo delgado e ágil para se esquivar dessa intempérie.

Concordar é secundário. Refletir é urgente.

Ricardo Coelho – Consultoria e Treinamento com Foco no Cooperativismo de Crédito
www.ricardocoelhoconsult.com.br – 41-3569-0466 – Postado em  07/12/2016