O BC questiona a eficácia de nossa régua de cobrança de PJ

Nunca paramos de aprender, e algumas vezes o aprendizado apresenta uma fatura muito mais cara do que imaginávamos. Em maio deste ano tive acesso à apresentação do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, onde demonstrou o macro cenário da economia. E entre tantas informações, duas me chamaram a atenção, não pelos números já que são médias de mercado conhecidas de muitos de nossos profissionais, mas, sim, pela riquíssima sinalização gerencial que traziam de forma dissimulada. Ao sobrepô-las, como se fosse um único cenário, passei a ver que elas guardavam uma fraca correlação, que demonstrava um provável equivoco no processo que norteia a régua de cobrança dos créditos vencidos de nossa carteira PJ.

Creio que o cotidiano nos consome e, ao naturalmente aplicarmos a lógica da indução tentávamos usar preceitos já testados em um cenário conhecido, como é o risco da carteira PF, em algo totalmente distinto, que é o risco inerente a PJ, sendo esse nicho um cenário novo para a quase totalidade do cooperativismo de crédito. Assim, acredito que para muitos de nós não era tão clara a disparidade do risco de crédito entre clientes PF e PJ, tema central deste artigo.

Antes de continuarmos, pedimos que analise minuciosamente os dois gráficos abaixo retirados da citada apresentação do BC onde verá os percentuais dos créditos vencidos nos últimos cinco anos de PF e PJ. Tente apenas, ao comparar estes dois gráficos oficiais, identificar sinais de que algo relevante deveria mudar em nossa Singular quanto à forma de gerir nossos créditos vencidos de PJ.

Após sua atenta análise, imagino que observou enormes disparidades entre os dois gráficos e certamente já poderia iniciar a responder qual seria a mensagem subliminar que ambos, de forma sorrateira, nos ensinam quando os sobrepomos. Contudo, peço que continue a ler o artigo para que possa lapidar ainda mais suas reflexões e obter uma conclusão que lhe permita atuar frente aos prováveis equívocos que iremos lhe apresentar ao final de nossas considerações. Portanto, vamos agregar novas ponderações para subsidiar ainda mais sua resposta:

Reflexão final: com base nessas exposições de motivos, seria oportuno reunir-se com seus líderes para responder as inquietudes abaixo propostas e, quem sabe, reposicionar a gestão dos créditos dos seus sócios PJ, promovendo melhor acompanhamento desses créditos vencidos.  Pergunte-se:

Uma das premissas básicas da cobrança é: quem primeiro cobra, primeiro recebe. Algo elementar diante de créditos vencidos de PJ. Então, por que nossa régua de cobrança estaria complacente?

Concordar é secundário. Refletir é urgente.

Ricardo Coelho – Consultoria e Treinamento com Foco no Cooperativismo de Crédito
www.ricardocoelhoconsult.com.br – 41-3569-0466 – Postado em 11/12/2017