Aprendizado do Comitê de Crédito

Aproximando-me dos 60 anos vejo que aprendo a cada dia mais ao rever minhas verdades, baseando-me em novos convívios e cenários, ainda que em volume menor do que o necessário. Vejo que esse aprendizado é potencializado quanto mais me ausento do cotidiano, e com novas crenças volto a ele, mesmo que para isso tenha de colocar em xeque alguns de meus antigos julgamentos.

Essa breve exposição de motivo nos subsidia na análise de algo que se observa discretamente em alguns momentos no Cooperativismo de Crédito, quando diante de um crédito de vulto de difícil recuperação, opta-se por desligar o gerente da agência responsável por esse crédito. Em alguns casos, concordamos ser essa uma decisão acertada, contudo não poderíamos generalizá-la sob a alegação de que o erro foi exclusivo do gerente da unidade, já que, em igual ou maior magnitude, o comitê de crédito foi corresponsável por essa aprovação, e, a esse, na quase totalidade dos casos, não é imputada qualquer penalidade. Em tempo, ressaltamos que, ao nosso entender, se o analista de crédito cumpriu seu papel, ele teve nesse contexto uma função meramente processual, limitada ao escopo técnico documental e de análise racional e pública dos dados.

Devemos observar que o Resultado de uma Singular será ainda por um bom tempo advindo direta ou indiretamente do crédito concedido através de nossos recursos próprios, e, cada vez mais, estaremos concedendo volumes crescentes a clientes empresariais, os quais ainda não são de total domínio de nosso modelo de negócio pela sua especificidade e novidade. Portanto, nossos processos creditícios devem ter procedimentos e padrões os mais assertivos possíveis.

Aprendizado: Cenários cada vez mais complexos serão por nós vivenciados em nosso mercado de crédito, e as proposta de maiores vultos serão sempre deferidas pelo comitê de crédito. Assim, como é esperado, algumas dessas operações serão rotuladas como perdas, e não seria prudente novamente punirmos o gerente da unidade sem antes analisarmos a corresponsabilidade do comitê de crédito e a predisposição desse de auto aprendizado, repassando esse novo conhecimento a toda a Singular.

Agora vejamos alguns pontos de atenção que podem concorrer com um menor aprendizado do comitê de crédito que estejam na alçada da operação:

Reconhecemos que conceder crédito tem seu natural grau de risco, sendo que essa é uma solução das mais rentáveis em nosso portfólio, bem como que o parecer de crédito é fundamentado em informações momentâneas, e que, mesmo diante de perdas, precisamos continuar operando, aplicando em nossa política de crédito a totalidade de nossos aprendizados.

Reflexões finais: Sugerimos que a Singular tenha um processo formal que lhe permita aprender as razões pelas quais fizeram alguns créditos se tornarem inadimplentes, haja vista o baixo aprendizado do comitê de crédito com os deferimentos que vieram a se tornar operações inadimplentes diante dos novos cenários econômicos, os quais ainda serão agravados pela real necessidade de crescermos preferencialmente em operações de crédito junto ao público empresarial.

Concordar é secundário. Refletir é urgente.

Ricardo Coelho – Consultoria e Treinamento com Foco no Cooperativismo de Crédito
www.ricardocoelhoconsult.com.br – 41-3569-0466 – Postado em 29/01/2018